A saúde coletiva de que
precisamos
Parece uma frase simples e sem nenhuma conotação com a realidade de saúde coletiva brasileira. O que muitos doutos da lei confundem, ignoram e/ou fingem não conhecer são os problemas cruciais que isolam, cada vez mais, os marginalizados e excluídos que vivem na sub-existência do ser humano pelos nossos Brasis. A sociedade má e perversa não acredita (ou não quer acreditar) que eles existem.
Leio sempre sobre saúde coletiva
e o que vejo, continuadamente, são as elites com discursos arrumadinhos,
desconhecendo o que realmente o Brasil precisa. Falar do abandono das classes
ribeirinhas que vivem marginalizadas nas regiões mais carentes do Norte e
Nordeste do Brasil é no mínimo insensatez. Não precisamos nos afastar tanto
para encontrarmos pobreza e miséria. Basta olhar pra fora do campus de
Manguinhos que vemos, em redor, crianças e adultos tomando banho de mar nas águas
(esgoto puro) dos canais que nos circundam.
Entrem nas Comunidades e
verifiquem as condições daqueles que representam os alijados e excluídos –
legítimos representantes dos Brasis de que ninguém fala. O que o Brasil precisa
não são de frases de efeito, mas, no mínimo, dignidade.
Alguém disse certa vez
que “toda reforma tem que ser pela base”. Assim falando, creio que aúde coletiva
é, principalmente, enfrentar a realidade com os pés no chão e propor medidas
eficazes que possam amenizar a pobreza e a desigualdade sociais. Só assim,
cortando na carne, poderemos pensar que um dia teremos um país onde todos
possam ter um lugar ao sol.
Saúde coletiva, assim
penso, é uma integração de todas as classes sociais, e não o que pensa uma
pequena minoria querendo desconhecer a outra face da moeda. Sou materialista,
mas não posso me esquecer de uma frase de João Paulo II proferida em Teresina,
Piauí: “O povo passa fome”.
Obs: Antes de perguntas,
quero dizer que, pra mim, saúde coletiva e saúde pública têm o mesmo significado.
Antônio Humberto da
Costa